Em 2011 assisti a uma série de reportagens chamada "Moto Perigo" no telejornal SPTV da TV Globo. Ao ver casos de acidentes com motos, graves ou não, sempre causados por pura imprudência, percebi que o medo crescente que tenho de sair de casa com minha pequena moto não é infundado.
Apesar
de não enfrentar um transito tão caótico como o da capital, todos os dias, antes
de sair de casa, rezo para que nada de mal me aconteça, pois não tenho certeza
de que conseguirei voltar a salvo.
Sou
uma mulher pequena que dirige uma moto pequena, por isso não fico fazendo
grandes malabarismos no transito, não fico cortando entre os carros, evito
fazer ultrapassagens arriscadas e tento sempre ocupar o mesmo espaço de um carro
(atitude ensinada no curso para conseguir a licença para dirigir). Porém mesmo
assim, dirigindo prudentemente, já levei várias “fechadas” e a cada dia tenho
mais medo de dirigir.
O
maior problema que os bons motoqueiros como eu enfrentam são os demais
motoristas. Como é raro ver um motociclista dirigindo corretamente, os
motoristas de carro ficam inconformados quando uma moto andando na velocidade
correta fica na sua frente e fazem de tudo para ultrapassá-la, de xingar até a
fazer manobras arriscadas. Já os maus motoqueiros não querem ficar atrás de uma
moto pequena e fazem ultrapassagens perigosas que poderiam resultar em quedas.
Ou seja, eu pago pelos erros dos maus motociclistas, pois como quase todos são
negligentes, os motoristas de carros já não tem respeito nenhum com um
motorista de moto, mesmo que ele seja precavido.
Uma
coisa que toda a população deveria saber, é que na maioria dos casos, uma
pessoa compra uma moto pois não tem como pagar por um carro, ou alguém acha que
um motoqueiro gosta de dirigir em um dia de chuva ou de muito frio. É
dificílimo andar de moto com chuva ou com muito vento, o veículo perde a
estabilidade, a visibilidade é drasticamente diminuída e o frio quase
insuportável. Qualquer um em sã consciência preferiria estar dentro de um
carro, bem protegido e se possível com o aquecedor ligado. Andar de capacete é
fundamental para a segurança, mas é incomodo. Sempre levar uma capa de chuva na
moto é importante para evitar surpresas com a previsão do tempo, mas é um
estorvo ter que carregar sempre um monte de coisas.
Por
outro lado, andar de moto é econômico e ajuda bastante na fluidez do transito e
na qualidade do ar. Alguém já imaginou como seria o transito se toda moto fosse
substituída por um carro? E os níveis de poluição, como é que ficariam?
Enquanto os sistemas de transporte público não forem adequados, as motos
continuam sendo a saída mais viável e econômica para locomoção de uma pessoa.
Este
desabafo reflete um pedido: que a população tenha um pouco mais de respeito com
o motociclista, mesmo que ele não esteja agindo de forma correta, tenha
paciência e dirija de forma correta, isso evitará muitos acidentes e
discussões.
Quando
um motorista de carro sofre um acidente ele gasta dinheiro com o conserto do
carro. Quando um motociclista sofre um acidente ele luta pela própria vida,
martiriza a família, fica afastado do trabalho e onera o serviço público de
saúde.
Ao
ver um motoqueiro ou ciclista na rua, toda pessoa deveria pensar que é ele (ou
alguém que ama muito) que está pilotando aquele guidão, tenho certeza de que se
colocando no lugar desta pessoa, qualquer cidadão agirá com mais prudência e
ninguém mais precisará ter medo de sair de casa para enfrentar o transito.
Campanha do DENATRAN pela segurança no trânsito. |
P.S.:
Em Outubro de 2011, sofri um pequeno acidente de moto que resultou em uma
fratura no ombro, agora que o susto passou e que já estou recuperada, e também para
celebrar a Semana Nacional de Trânsito, resolvi publicar em meu blog este texto
que escrevi há tempos atrás em um momento de reflexão. É uma pena que a
situação continua a mesma, com um trânsito cada vez mais caótico e
desrespeitoso.
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